As reservas internacionais angolanas recuaram 114 milhões de dólares no primeiro semestre deste ano, totalizando 15,653 mil milhões de USD no final de Junho, segundo cálculos do Expansão com base nos dados diários divulgados pelo Banco Nacional de Angola (BNA).
A queda resulta, essencialmente, de empréstimos do banco central ao Governo, operação prevista na Lei do Orçamento Geral do Estado para 2025, que autoriza o BNA a financiar o Tesouro com até 2 mil milhões de dólares, recursos que sairão, em parte, das próprias reservas cambiais.
Apesar da diminuição, o nível actual das reservas é considerado confortável, garantindo o equivalente a oito meses de importações de bens e serviços, desempenho superior à média dos países da SADC, que ronda os quatro meses.
Importações pressionam, mas reservas ainda resistem
Entre Janeiro e Março, Angola importou cerca de 3.807 milhões de USD em mercadorias e 2.075 milhões em serviços. Ou seja, um total de 1.961 milhões USD por mês foi gasto, em média, nas necessidades externas do País.
Com o saldo actual de reservas (15,653 mil milhões), o País consegue sustentar, teoricamente, oito meses consecutivos de importações, mesmo com os níveis actuais de consumo externo.
Histórico e contexto
Desde o período pré-Covid, Angola perdeu cerca de 1.558 milhões USD em reservas internacionais, face aos 17.211 milhões registados em 2019. No entanto, o momento mais crítico foi em Janeiro de 2022, quando o stock caiu para 13.350 milhões o mais baixo da última década.
Em contrapartida, o pico histórico foi registado em Setembro de 2013, quando Angola acumulava 35.188 milhões de USD em reservas internacionais. Naquele ano, o País importou 49.393 milhões USD em mercadorias e serviços, o que evidencia a capacidade que então existia para cobrir a totalidade da factura externa.
Francisco Soque | Redactor
Foto | DR
