O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a ligar os alarmes sobre a situação fiscal de Angola, alertando para a dependência crescente de financiamentos de curto prazo e com juros elevados, o que pode agravar a sustentabilidade da dívida.

No comunicado que resume a missão pós-programa em Luanda, o FMI sublinha que a capacidade de pagamento de Angola é “adequada, mas sujeita a riscos crescentes”, agravados pela queda das receitas petrolíferas e pela deterioração do quadro macroeconómico. A previsão de crescimento foi revista em baixa e o défice fiscal para 2024 deverá duplicar para 2,8% do PIB, cerca de 3,2 mil milhões USD.

Entre os exemplos de risco citados está o empréstimo de 1.000 milhões USD contraído em 2024 junto do JP Morgan, a um ano e com taxa próxima de 10%, garantido com emissão contingente de Eurobonds. Quando as taxas internacionais subiram, o Governo foi obrigado a entregar 200 milhões USD em margem adicional, pressionando ainda mais as contas públicas.

Com um serviço da dívida externa previsto de 10,5 mil milhões USD para 2025 — valor equivalente às receitas fiscais petrolíferas projectadas —, o Fundo recomenda políticas de contenção de despesa, mobilização de financiamento de baixo custo e reformas estruturais que reduzam a vulnerabilidade da economia.

Nos bastidores do FMI, cresce a percepção de que Angola deveria entrar num novo programa formal com a instituição, o que permitiria aceder a empréstimos mais baratos. No entanto, esse cenário exigiria medidas de austeridade e reformas impopulares, improváveis a menos de dois anos das eleições gerais.

Soque Soque | Redactor

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