24-05-2025
Banca & Finanças

BNA reduz reservas obrigatórias para aliviar banca
O Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu reduzir, pela segunda vez este ano, o coeficiente de reservas obrigatórias em moeda nacional, passando de 20% para 19%. A medida visa aumentar a liquidez no sistema bancário e, por consequência, incentivar o crédito, num contexto económico ainda marcado por incertezas e pressões inflacionistas.
A decisão foi anunciada pelo Comité de Política Monetária (CPM), que optou por manter inalteradas as principais taxas de juro: a taxa BNA permanece em 19,5%, a taxa de cedência de liquidez em 20,5% e a taxa de absorção de liquidez em 17,5%.
O corte no coeficiente de reservas obrigatórias permite que os bancos comerciais disponibilizem uma maior parte dos depósitos dos clientes para concessão de crédito ou investimento, como a compra de títulos de dívida pública. Em Dezembro de 2024, essas reservas totalizavam 1,4 biliões Kz, tendo subido para 1,5 biliões em Janeiro deste ano. Contudo, após o recente anúncio, os dados de Abril revelam uma queda de 10%, fixando as reservas obrigatórias em cerca de 1,3 biliões Kz.
Apesar de representar um alívio monetário, a medida levanta preocupações quanto ao seu potencial impacto inflacionário. O economista Heitor Carvalho classificou a decisão como “arriscada”, sobretudo num cenário de inflação elevada. “Parece haver vontade de aumentar a liquidez para estimular o crédito, mas o problema do crédito não é apenas de liquidez”, advertiu.
Uma fonte ligada à direcção de um dos maiores bancos comerciais explicou que, mesmo com mais liquidez, a tendência dos bancos tem sido aplicar recursos em títulos do Estado, em vez de canalizá-los para o sector produtivo. “Não se esperam grandes impactos na economia real nem pressão inflacionária imediata, pois o comportamento dos bancos não mudou”, afirmou.
Além disso, o BNA tem mantido a estratégia de contenção de liquidez através de instrumentos indirectos. Em Novembro de 2023, por exemplo, eliminou a taxa de custódia sobre o excesso de reservas livres, o que também contribui para injectar mais dinheiro na economia.
A trajectória da inflação, embora em desaceleração, continua sob vigilância. O banco central estima que a taxa fique nos 17,5% até ao final de 2025, enquanto o Executivo projecta uma inflação mais optimista, na ordem dos 16,6%. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em alta a sua previsão, situando-a em 20,1%, e reduziu a previsão de crescimento económico do País para 2,4%, contra os 3% anteriormente estimados.
O cenário poderá agravar-se nos próximos meses com os aumentos esperados nas tarifas de energia eléctrica e combustíveis, previstos já a partir de Junho, o que poderá inverter a actual tendência de desaceleração da inflação.
Francisco Soque | Redactor
Foto: DR
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