06-05-2025
Sociedade

Jovens com emprego e formação são os que mais pretendem sair de Angola
Mais de metade dos angolanos (57%) admite já ter considerado sair do País, sobretudo por motivos económicos, como a busca por emprego e melhores condições de vida. A conclusão é do Afrobarómetro, com base num inquérito realizado entre 27 de Março e 19 de Abril de 2024.
Os dados mostram que os mais inclinados a emigrar são jovens entre os 18 e os 35 anos, com ensino médio ou superior concluído, que vivem em zonas urbanas e, curiosamente, já possuem um emprego em tempo integral. Trata-se de uma franja social que, apesar da inserção no mercado de trabalho, enfrenta frustrações com as condições actuais de vida.
Entre os que consideram emigrar, 37% procuram melhores oportunidades de trabalho e 34% querem escapar à pobreza. A tendência sobe com o grau de escolaridade: apenas 27% dos cidadãos sem instrução cogitam sair, contra 74% dos que concluíram o ensino secundário e 72% dos universitários.
A vontade de emigrar também é mais forte entre os jovens: 66% dos entrevistados entre 18 e 25 anos e 64% dos que têm entre 26 e 35 anos. Em contraste, nas faixas etárias mais elevadas, a intenção é consideravelmente menor.
O economista Fernandes Wanda considera que esta realidade está directamente ligada à estagnação económica do País. “A oferta de emprego tem sido muito reduzida. O Índice de Sofrimento Económico entre os jovens de 15 a 24 anos aumentou de 66,8% no quarto trimestre de 2022 para 81,9% em igual período de 2024”, detalhou.
Apesar de parecer contraditório, os dados indicam que quem está empregado tem mais tendência para emigrar do que os desempregados. Pessoas com emprego (tempo parcial ou integral) representam 66% dos que pensam em emigrar, contra 60% dos desempregados e apenas 43% dos fora do mercado de trabalho. Uma possível explicação é o facto de emigrar exigir recursos que muitos desempregados não possuem.
O fosso entre zonas urbanas e rurais também é notável: 70% dos residentes urbanos consideram emigrar, contra 34% nas zonas rurais. Em Luanda, quase oito em cada 10 cidadãos (78%) manifestam desejo de sair do País. Já nas províncias do Sul e na Hulia, apenas 31% e 33% revelam essa intenção, respectivamente.
“Não se trata apenas da falta de emprego, mas da qualidade de vida”, afirmou Wanda, apontando que um salário em Luanda não tem o mesmo valor real que noutras províncias. “Tal como no Reino Unido, onde há compensações salariais para quem vive em Londres devido ao custo de vida, o mesmo raciocínio aplica-se ao nosso contexto”, exemplificou.
Segundo o Afrobarómetro, a tendência de emigração entre os mais escolarizados e empregados revela uma ameaça à retenção do capital humano qualificado, crucial para o desenvolvimento do País.
Francisco Soque | Redactor
Foto: DR
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