A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) encerrou o exercício económico de 2024 com um resultado líquido de 839,01 mil milhões de kwanzas, o que representa uma queda de 65% em relação ao ano anterior.
A descida é justificada, segundo a instituição, pela actualização financeira da provisão para abandono e pelos efeitos cambiais sobre o Fundo de Abandono, rubricas que, embora impactem o balanço, não constituem influxos reais de caixa.
Apesar do recuo do lucro, a ANPG considera o resultado positivo, ainda que os indicadores operacionais tenham ficado negativos devido à alteração da política contabilística na cobrança da Taxa de Consignação, que passou a reconhecer apenas os valores efectivamente cobrados o que corresponde a apenas 29% do valor facturado.
A mudança de critério contabilístico afectou também a execução de projectos estruturantes da concessionária nacional, que visam garantir a sustentabilidade da produção petrolífera no médio e longo prazo.
Desde 2020, o sector investiu cerca de 53,4 mil milhões de dólares, apostando em novas explorações, na gestão eficiente de reservatórios e na modernização das infra-estruturas dos blocos mais antigos. Em 2024, a ANPG homologou 577 contratos de aquisição de bens e serviços no valor total de 18,8 mil milhões de dólares 98% do montante solicitado pelas operadoras.
Além disso, foram aprovadas 191 listas de concorrentes e 34 livros de ordens de trabalho para serviços prestados por empresas afiliadas das operadoras, no valor de 642 milhões de dólares, o que corresponde a 65% do solicitado. Segundo o relatório, registou-se um aumento médio de 20% ao ano no investimento em concessões petrolíferas activas, com destaque para os 14,4 milhões de dólares aplicados em 2024.
A produção de petróleo bruto em Angola atingiu 411,5 milhões de barris em 2024, com uma média diária de 1,12 milhões de barris. O desempenho foi impulsionado por uma eficiência operacional de 89,35% superior em 1% à registada em 2023 e pela entrada em produção de 11 novos poços e a reabertura de um, nos Blocos 15, 15/06 e 17, além de intervenções em cinco poços no Bloco 32.
As acções de manutenção preventiva das instalações produtivas foram cumpridas em 92,58%. Os Blocos 17, 15 e 32 lideraram a produção com 127,3, 71,8 e 53,3 milhões de barris, respectivamente, o que representa 61,35% da produção total.
A produção de gás associado somou 982,79 mil milhões de pés cúbicos, com uma média diária de 2.685 MMSCFD, um resultado 3,45% abaixo da previsão.
Já as exportações de petróleo bruto atingiram os 106,4 milhões de barris, um aumento de 16% face a 2023 , demonstrando, segundo a ANPG, sinais de recuperação e estabilidade nas operações de exportação
Francisco Soque | Redactor
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