02-09-2025
Economia

Produção de petróleo fica 74,7 mil barris abaixo do previsto no OGE
Angola está a produzir menos petróleo do que previa o Orçamento Geral do Estado de 2025, e a diferença não é pequena. Nos primeiros sete meses do ano, a média diária foi de 1,023 milhões de barris, quando o Governo tinha inscrito 1,098 milhões como projecção no relatório de fundamentação do OGE. São menos 74,7 mil barris todos os dias, o que deixa claro que a meta é cada vez mais difícil de alcançar.
O mês de Julho trouxe o sinal mais preocupante. Nesse mês a produção caiu para 999 mil barris por dia, marcando a primeira vez em 28 meses que o País baixou da barreira simbólica do milhão. Já em Abril e Junho a situação tinha rondado esse nível, mas sem o romper. Só que em Julho a descida foi inevitável, com impacto imediato nas contas e nas expectativas.
Segundo o Jornal Expansão, as causas não se limitam a uma questão de mercado, mas também a factores técnicos. No bloco 17, a produção reduziu em média 21 mil barris diários por causa de trabalhos de ligação ao FPSO Pazflor, um navio-plataforma que está no centro do projecto Begónia, o primeiro de carácter interblocos no País, que conecta poços submarinos diferentes a uma mesma unidade de produção. No mesmo período surgiram problemas técnicos nos FPSO Girassol e Clov, enquanto no bloco 18 a situação foi ainda mais grave, com uma avaria no FPSO Plutónio que obrigou a uma paragem de oito dias, traduzida em perdas de 19,6 mil barris diários.
Com esta realidade, cumprir a meta do OGE parece cada vez mais impossível. Para chegar aos 1,098 milhões de barris por dia até Dezembro, Angola teria de elevar a produção para 1,201 milhões nos últimos cinco meses do ano, um número quase irrealista. Isso significaria recuperar patamares de 2020, quando o País ainda conseguia produzir acima de 1,2 milhões de barris por dia, algo que o declínio dos últimos anos tornou improvável.
Do lado do preço a situação também não ajuda. A média do primeiro semestre ficou em 71,6 USD por barril, mas nos últimos tempos a cotação desceu para 66 USD, abaixo dos 70 USD que o Governo tinha usado como referência para calcular as receitas fiscais do petróleo. Até Junho, os cofres do Estado arrecadaram 4,6 biliões de kwanzas em receitas petrolíferas, o que representa apenas 42% da meta anual. Se o ritmo fosse de 50%, o valor teria de ser superior em 872 mil milhões Kz, de acordo com os cálculos com base nos relatórios oficiais de execução orçamental.
A dificuldade não é de agora. Especialistas sublinham que a produção petrolífera angolana vem caindo entre 10% e 15% ao ano, fruto da ausência de novos investimentos, do envelhecimento dos poços e de atrasos na manutenção dos equipamentos. Patrício Quingongo lembra que em tempos de ouro Angola chegou a receber 16 mil milhões USD anuais de investimento directo na indústria, mas que hoje essa aposta se reduziu drasticamente, em média menos 6% por ano, o que explica a falta de novas descobertas e a fragilidade actual da produção.
Ainda assim, há algum alento. A entrada em produção do Begónia e da segunda fase do Clov deverá trazer um reforço no segundo semestre. Só que mesmo com esses contributos, especialistas como José Oliveira admitem que será difícil terminar o ano com uma média superior a 1,060 milhões de barris por dia, número que continua abaixo da projecção que o Governo inscreveu no OGE.
Soque Soque | Redactor
Foto: DR
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