Apenas três seguradoras em Angola vão distribuir 8.962 milhões Kz. em dividendos aos seus accionistas em 2024, um crescimento face aos 5.472 milhões Kz. pagos por duas seguradoras no ano anterior. Apesar do aumento, o montante continua a representar apenas 2,7% dos dividendos repartidos pela banca, o que reforça o peso reduzido do sector segurador na economia nacional.
Entre os principais beneficiários, destacam-se o Banco Angolano de Investimentos (BAI) e o Estado, por via do IGAPE. A Nossa Seguros é a companhia que mais vai distribuir lucros: 3.145 milhões Kz. ao BAI, 305,8 milhões Kz a António Van-Dúnem, 174,8 milhões Kz. ao MRN, 131,1 milhões Kz à Caixa de Segurança das FAA e 655,4 milhões Kz a outros accionistas.
Além da distribuição, a seguradora com capital social de 5 mil milhões Kz- , vai reforçar 6.553 milhões Kz. em reservas livres, instrumento usado para garantir a solidez financeira da empresa e cobrir eventuais indemnizações.
Na segunda posição, a ENSA Seguros vai pagar 4.348 milhões Kz em dividendos. O Estado (via IGAPE) arrecada 3.043 milhões Kz, enquanto o Fundo de Pensões da Sonangol e a Noble Group recebem 297,3 milhões Kz cada. Já os investidores que adquiriram acções na Oferta Pública Inicial (OPI) vão dividir 710,1 milhões Kz.
Segundo o relatório, 2% das acções da ENSA foram destinadas aos trabalhadores, tendo administradores como Amália Quintão Barbosa (0,417%), Matilde Guebe (0,378%) e o PCE Mário Mota Lemos (0,308%) assumido destaque na aquisição. A ENSA também vai alocar 3.157 milhões Kz para reservas livres e 546 milhões para resultados transitados.
Protejja com lucros mais modestos
A terceira seguradora na lista é a Protejja Seguros, que vai distribuir 245 milhões Kz, correspondente a 62% dos seus lucros.
Apesar da melhoria no desempenho das seguradoras, os valores ainda estão muito aquém da dimensão da banca. Em 2024, os bancos angolanos distribuíram 327,4 mil milhões Kz, o que significa que o sector segurador representa menos de 3% desse valor.
De facto, o sector bancário angolano fechou 2024 com um activo de 25,6 biliões Kz. (25.870 milhões USD), contra apenas 4.377 mil milhões Kz (520 milhões USD) do sector segurador ou seja, o sector bancário vale 50 vezes mais.
Dos 22 operadores licenciados, apenas 15 seguradoras publicaram os seus relatórios de contas dentro do prazo. Segundo Paulo Bracons, consultor de seguros, o sector apresenta uma taxa de penetração no PIB de apenas 0,69%, dependente sobretudo dos seguros obrigatórios, como os de automóvel e acidentes de trabalho , um sinal claro do seu subaproveitamento.
Frnacisco Soque | Redactor
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