Distribuidora estatal apresenta capital próprio negativo de 344 mil milhões de kwanzas e margem operacional de -80%. Situação compromete investimentos na rede eléctrica nacional.
A Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) encontra-se em situação de falência técnica, com um capital próprio negativo de 343,97 mil milhões de kwanzas e prejuízos que se agravaram 19% em 2024, atingindo os 109,86 mil milhões de kwanzas, segundo o relatório de contas divulgado esta semana.
Os números revelam uma empresa em espiral descendente: as vendas caíram 4% para 95,8 mil milhões de kwanzas, enquanto os custos operacionais dispararam 8%, criando uma margem operacional catastrófica de -79,9% - ou seja, por cada kwanza de receita, a empresa perde 80 cêntimos.
"Estamos perante uma situação insustentável", admite fonte próxima da administração, que prefere o anonimato. "A empresa está tecnicamente falida e só se mantém operacional porque é estratégica para o país."
A estrutura de custos da ENDE revela uma gestão em crise: os custos com mercadorias representam 51% do total de despesas, enquanto os custos com pessoal absorvem 22% - valores que, combinados com outros custos operacionais, tornam impossível qualquer margem de lucro.
Particularmente preocupante é o aumento de 57% nos "outros custos operacionais", que saltaram de 18,8 mil milhões para 29,5 mil milhões de kwanzas, sem explicação detalhada no relatório.
A crise da ENDE tem implicações directas para os milhões de angolanos. A empresa, responsável pela distribuição de electricidade em todo o território nacional, emprega mais de 5.000 trabalhadores e é peça fundamental no desenvolvimento económico do país.
