20-06-2025
Mercado

Petróleo sobe com guerra, depois cai com promessa de paz – Angola tranquila, mas sem saber por quanto tempo
O barril de petróleo subiu mais de 8% durante esta semana, impulsionado pela guerra entre Israel e Irão, e pela ameaça de os Estados Unidos entrarem no conflito. No entanto, bastou uma declaração de Donald Trump para travar o aumento.
O Presidente norte-americano surpreendeu ao propor uma pausa de duas semanas para dar espaço à diplomacia entre Telavive e Teerão. Com isso, o mercado recuou. O preço do barril Brent, referência para Angola, caiu para 76,34 USD nesta sexta-feira, 20, recuando 3,22% em menos de 24 horas.
Tudo começou com o ataque de Israel ao Irão, seguido de retaliações, que fizeram o preço do crude subir até perto dos 78 USD. Mas com a intervenção política de Washington, os investidores acalmaram. Ainda assim, o cenário continua incerto.
Para Angola, onde o petróleo ainda representa 90% das exportações, 35% do PIB e 60% das receitas fiscais, este valor acima dos 70 USD é uma boa notícia, pelo menos no curto prazo. O Governo pode ganhar folga para aliviar a pressão sobre a moeda, os preços e as contas públicas.
Mas não há garantias. A incerteza no Médio Oriente deixa tudo em suspenso e pode obrigar o Executivo a rever o Orçamento Geral do Estado, caso a situação se agrave.
O maior receio dos analistas é que o Irão possa bloquear o Estreito de Ormuz, rota por onde passa um quinto do petróleo do mundo. Isso sim, traria um impacto global devastador.
Apesar da alta de preços, Angola continua a perder força na produção petrolífera. Actualmente, o país extrai cerca de 1,1 milhões de barris por dia, longe do pico de 1,8 milhões em 2008.
O problema, segundo especialistas, não é falta de petróleo – as reservas são estimadas em 9 mil milhões de barris –, mas sim o desinvestimento das grandes petrolíferas, a redução da exploração e a falta de manutenção nos campos offshore, muitos deles em declínio.
Além disso, a transição energética global e a pressão ambiental têm retirado importância ao sector, forçando Angola a repensar a sua dependência do petróleo. O objectivo do Executivo é aumentar a produção e usar os ganhos actuais para diversificar a economia, como já fazem países como os Emirados Árabes Unidos ou a Arábia Saudita.
Francisco Soque | Redactor
Foto: DR
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