O sector salineiro na Baía Farta, província de Benguela, enfrenta um acentuado aumento de stock, ultrapassando as 80 mil toneladas de sal sem escoamento, situação que preocupa os produtores e ameaça milhares de postos de trabalho.
As Salinas Calombolo, pertencentes ao Grupo Adérito Areias (GAA), acumulam mais de 70 mil toneladas, enquanto a Salina Baía Farta contabiliza 15 mil e a Salina Manuel Rodrigues tem cerca de 3.500 toneladas sem comercialização.
A directora financeira do GAA, Idalina Marques, lamentou a falta de mercado para o escoamento da produção e revelou que a empresa enfrenta dificuldades financeiras, o que pode levar à redução de metade dos seus 5.000 trabalhadores. “Temos em stock mais de 70 mil toneladas, o que representa cerca de sete milhões de dólares. A cada dia que passa, a produção aumenta, mas não conseguimos vender”, alertou.
Para mitigar a situação, a empresa recorreu aos bancos comerciais, solicitando crédito para reforço de tesouraria, mas, segundo a responsável, as instituições financeiras exigem depósitos a prazo como colateral, inviabilizando o apoio necessário.
Na Salina Baía Farta, onde há mais de 15 mil toneladas de sal armazenadas, a direcção está a construir armazéns a céu aberto para continuar a estocar o produto. O responsável da unidade, Lázaro Culien, manifestou preocupação com a falta de compradores e os custos adicionais gerados pelo excesso de stock.
Na Salina Manuel Rodrigues, a falta de mercado obrigou à suspensão do projecto de ampliação, colocando em risco 200 postos de trabalho. “Se não chover, a produção continuará a aumentar e não conseguimos vender”, alertou um gestor da unidade.
Os produtores apelam à intervenção das entidades competentes para encontrar soluções que permitam o escoamento do produto e garantam a continuidade dos empregos no sector.
Francisco Soque | Redactor
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